Um dos objectivos da direcção eleita em 12.04.2006 consistia na reactivação do Grupo de Teatro do Orfeão de Vila Praia de Âncora.
Àrea de actividade muito pujante no passado e que grangeou ao Orfeão importantes prémios e distinções.
O Orfeão na encenação das peças sempre dedicou uma atenção especial aos autores portugueses.
Por isso é com grande júbilo que anunciamos a reactivação efectiva do Grupo de Teatro do Orfeão de Vila Praia de Âncora.
E não podia começar de melhor maneira ao privilegiar Gil Vicente, o fundador do teatro português e o mais importante dramaturgo do nosso país.
O encenador do Grupo de Teatro é o professor, encenador e actor António Neiva, de Afife, que gentilmente acedeu ao convite do Orfeão.
A peça escolhida - Auto da Barca do Inferno (1517) - é um dos três Autos das Barcas, auto de moralidade, constituindo uma alegoria dos vícios humanos.
A cena representa a margem de um rio - o rio do "outro mundo" - o qual por força todos têm de passar, com duas barcas prestes a partir. Uma delas leva ao Paraíso e a outra ao Inferno.
Cada uma das barcas tem o seu arrais na proa: a do Paraíso, um Anjo e a do Inferno, o Diabo e um Companheiro.
Uma série de personagens, acompanhadas dos seus objectos simbólicos, vão chegando à margem do rio: são os mortos que acabam de deixar o mundo.
Aparecem sucessivamente um Fidalgo acompanhado pelo seu pagem que traz um cadeirão; um Onzeneiro (usurário) com uma grande bolsa; um Parvo (Joane); um Sapateiro com um avental e carregado de formas; um Frade trazendo uma rapariga pela mão e armado com uma espada; uma Alcoviteira (Brísida Vaz) carregada com "seiscentos virgos postiços/e três arcas de feitiços"; um Judeu com um bode às costas; um Corregedor com processos ("feitos"), logo seguido por um Procurador carregado de livros; e, a terminar, um homem que acaba de morrer enforcado e que vem ainda com a corda ao pescoço.
Todas estas personagens vão para o Inferno, com excepção do Parvo, que é salvo pela sua simplicidade de espírito e que fica na margem (igual ao Purgatório) esperando a vez de ser admitido no Paraíso.
Após este desfile de pecadores chegam quatro Cavaleiros de Cristo que "morreram em poder dos mouros" e que são imediatamente acolhidos pelo Anjo na barca da salvação (Paraíso).
O Auto da Barca do Inferno é uma evocação de certos tipos sociais do Portugal quinhentista. É também uma sátira feroz contra os grandes e os poderosos - o aristocrata orgulhoso, o frade dissoluto, o juiz corrupto - mas também não poupa os pecadores de condição mais modesta, sendo uma peça de franca comicidade.
O Auto da Barca do Inferno é uma obra prima.
Àrea de actividade muito pujante no passado e que grangeou ao Orfeão importantes prémios e distinções.
O Orfeão na encenação das peças sempre dedicou uma atenção especial aos autores portugueses.
Por isso é com grande júbilo que anunciamos a reactivação efectiva do Grupo de Teatro do Orfeão de Vila Praia de Âncora.
E não podia começar de melhor maneira ao privilegiar Gil Vicente, o fundador do teatro português e o mais importante dramaturgo do nosso país.
O encenador do Grupo de Teatro é o professor, encenador e actor António Neiva, de Afife, que gentilmente acedeu ao convite do Orfeão.
A peça escolhida - Auto da Barca do Inferno (1517) - é um dos três Autos das Barcas, auto de moralidade, constituindo uma alegoria dos vícios humanos.
A cena representa a margem de um rio - o rio do "outro mundo" - o qual por força todos têm de passar, com duas barcas prestes a partir. Uma delas leva ao Paraíso e a outra ao Inferno.
Cada uma das barcas tem o seu arrais na proa: a do Paraíso, um Anjo e a do Inferno, o Diabo e um Companheiro.
Uma série de personagens, acompanhadas dos seus objectos simbólicos, vão chegando à margem do rio: são os mortos que acabam de deixar o mundo.
Aparecem sucessivamente um Fidalgo acompanhado pelo seu pagem que traz um cadeirão; um Onzeneiro (usurário) com uma grande bolsa; um Parvo (Joane); um Sapateiro com um avental e carregado de formas; um Frade trazendo uma rapariga pela mão e armado com uma espada; uma Alcoviteira (Brísida Vaz) carregada com "seiscentos virgos postiços/e três arcas de feitiços"; um Judeu com um bode às costas; um Corregedor com processos ("feitos"), logo seguido por um Procurador carregado de livros; e, a terminar, um homem que acaba de morrer enforcado e que vem ainda com a corda ao pescoço.
Todas estas personagens vão para o Inferno, com excepção do Parvo, que é salvo pela sua simplicidade de espírito e que fica na margem (igual ao Purgatório) esperando a vez de ser admitido no Paraíso.
Após este desfile de pecadores chegam quatro Cavaleiros de Cristo que "morreram em poder dos mouros" e que são imediatamente acolhidos pelo Anjo na barca da salvação (Paraíso).
O Auto da Barca do Inferno é uma evocação de certos tipos sociais do Portugal quinhentista. É também uma sátira feroz contra os grandes e os poderosos - o aristocrata orgulhoso, o frade dissoluto, o juiz corrupto - mas também não poupa os pecadores de condição mais modesta, sendo uma peça de franca comicidade.
O Auto da Barca do Inferno é uma obra prima.
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